quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Eu sei que você não está mais aqui



Conviver com perdas é tarefa difícil, alguma coisa fica cinza dentro da gente, cinza e vazio. Difícil para outras pessoas entender o que acontece dentro da gente, difícil para outras pessoas mensurar a dor da gente, o amor da gente. Tem dor que é só da gente.

Na maior parte dos meus dias convivo bem com a vida e até fico alegre com um sol bobo depois do almoço, mas tem dia que eu acordo oca e tem vez que eu espero resposta positiva de algum teste ou acontecimento na minha vida e não tem como ligar pra vc e pedir pra rezar pra mim. Sua reza era a mais poderosa do mundo, sua torcida era a mais importante, e meu diploma nem vai ter tanta graça mais...

Tem domingo que parece que minha garganta vai explodir, de tanta vontade de chorar. Mas eu seguro, tenho que ser forte. Sinto saudade do seu frango assado com cebola e bacon, da cervejinha em lata que a gente tomava antes do almoço enquanto conversávamos, sinto saudade do cochilo depois do almoço e de você reclamando:"_Carolina só vem aqui pra dormir." Significava que vc gostava da minha presença. Sinto falta até da sua chatice e de quando você era rabugenta. Sinto falta do seu cheiro de vó, da sua risada e da sua fé em mim. Você acreditava em mim. Sinto falta do seu amor pelo João e do seu cuidado com ele, sinto falta do sua tosse nas manhãs de sábado só pra me acordar. Tá certo, antes eu tinha raiva, agora eu sinto falta. rs

Nosso último contato foi no hospital antes de vc passar mal, vc estava deitada e eu sentada ao lado da sua cama, me debrucei e adormeci com o seu cafuné. Foi nosso último momento.

Sinto falta da sua voz, da sua cumplicidade, do seu amor, dos seus olhos azuis, do seu frango, do seu bife, sinto falta de alguém cuidando de mim. Sinto falta de você. Há dois anos você partiu e não importa quanto tempo vai passar, a dor não passa. Eu tento é arrumar um modo de conviver bem com isso e sorrir para a vida.

Engraçado que eu não guardo datas, mas hoje precisei arrumar a gaveta de um móvel aqui do trabalho, e achei seu santinho. Olhei para a data e vi que era hoje. Precisava te dizer isso e escrevendo eu viro água e me sinto mais leve. Eu amo você.

3 comentários:

D. Mattientti disse...

Estive recentemente no Serro (pré-Nárnia). Adoro cemitérios; nada dark não. São uma valiosa fonte de informação histórica.
O cemitério do Serro é do fim do sec. XIX. Fotografei túmulos antigos, e lápides que achei interessantes. Retirei essas fotos do álbum geral, especialmente pq uma das lápides falava sobre as saudades de uma família a um certo "Mané". Este é o mesmo apelido que meu pai tem de seus irmãos, e a situação pediu que eu retirasse essa e outras fotos.
Uma lápide dizia algo interessante, que é onde concluo meu comentário:"Desejássemos tê-lo conosco para sempre. Porém, o Senhor também o desejava. E embora sofrendo, dizemos: 'Senhor, seja feita a vossa vontade' - João Galdino Lima - 1941 - 2001."

Saudades, Dona Santa. Te amamos daqui.Olha por sua neta querida da nuvenzinha onde vc está. Tô tentando olhar daqui...

Gabi disse...

É... saudade de quem amamos.

Eu amei a vó... pq ela sempre esquecia meu nome e me chamava de menina, e eu sempre esquecia o nome dela e chamava ela de vó...

bjo grande

Carol Sales disse...

emocionada. obrigada.

Arquivo do blog

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, MG, Brazil



Tim e Vanessa
Composição: Gladston / Tim

Olha o mundo a tua volta
Mas não te esqueças de ti
Tens a força das árvores
A beleza das flores
A pureza das águas e muito mais ...
Tu tens a importância do sol
E o encanto da luaA liberdade dos pássaros
O poder das sementes
A fluidez dos ventos e muito mais...
Tu és mais que matéria
Que atração e sensação
Que instinto e mecânica
Não ignores a força que nos faz especiais
Rega-te flor, acende-te sol
Fortalece-te tronco
Purifica-te água, liberta-te pássaro
Flui-te ó doce vento
Voa em ti, sê pelos seres
Sê deus prá eles, quanto Deus é para ti

Liberdade

Liberdade
Pés no chão e liberdade mental